A verdade é uma questão de imaginação. [Le Guin, 1986]
A TheroLinguística (Le Guin; Despret), dedicada à literatura selvagem, tem avançado na Ilha da Pescadora. Além da literatura dos animais, agora, na companhia das plantas, articulamos uma cooperação técnico-científica de Ecologia das Práticas (Stengers) de Tradução entre mundos para sistematizar os saberes vegetais de como viver/morrer no planeta. Mensagens encontradas nas raízes da Restinga são partituras. Estamos tecendo uma rede de Phytolinguística, focada na filosofia das plantas e poesia das flores. Nossas investigações multiespécies têm nos motivado a desenvolver a Plantalolinguística - área dedicada exclusivamente à cultura e literatura vegetal.
Na ausência de palavras disponíveis e com o esgotamento da língua ao relatar o vivido, produzimos essa videoarte multilinguagens transacionais, parte de um processo de doutoramento, para narrar mundos multiespécies no encontro entre cidade e floresta. Em linguajar estrangeiro, trabalhamos com um dialeto inventado na Costa do Atlântico em conversação com os seres inventados da Costa do Pacifico (Le Guin). Planta-Areia-Terra é um esforço-multidão de tradutibilidade das Marcas na Pele de Terra in-mundo de pesquisa (Merhy). Floresta é o Nome do Mundo (Le Guin).
A imaginação Dançando nas Fronteiras do Mundo (Le Guin) brinca de pensar com plantas e fabular com flores a invenção de mundos que caibam muitos mundos (Manifesto Zapatista). Guiada pela Bromélia da Mata Atlântica na arte de notar (Tsing), se faz espécie companheira (Haraway) aliada da Restinga. Compomos um corpo-linguagem-território-político em experimentações artísticas de Linguagens de Inteligências Sensíveis (Lis).
Coleta recados da floresta e estuda modos de ser-com bromélia em alianças afetivas (Krenak) tecidas com ativação do sensível e diálogos criativos (Takuá), catalogados como Tecnologias da Presença para invenção de mundos-outros. No limite do mapa, nossos territórios existenciais estão em disputa. De um lado a cidade cresce (mas não emudece nossa existência) e de outro, áreas protegidas por lei. Temos reivindicado a magia e retomada da feitiçaria como modos de resistência (Stengers). É proibido fogueira, mas caçam as bromélias, como a caça às bruxas. Mulheres sangraram queimadas nas fogueiras com bromélias, hibridizando-se na queima.
A fumaça das bruxas queimadas ainda paira nas nossas narinas. [Starhawk in Stengers, 2017]
A magia foi vendida, mas a bruxa não foi queimada. A transição de hibridização em metamorfoses multiespécie e a experienciação de fazer de si-com-outra em Torções Existenciais pergunta: O que pode um corpo mulher guiada pela bromélia da Mata Atlântica no exercício da cidadania com a florestania? Adeus à Linguagem! (Godard).
Estamos foto-sensibilizando/sintetizando as últimas cocriações de Tecnologias da Presença Sensível carregadas na Cesta de Afecção.
Planta Areia Terra é a última tradução que encontramos nas folhas-páginas de memória da existência das bromélias, relatando a política de seu microecossistema. A cantoria das flores em polifonia natrezacultura nas assembléias multiespécie dançam com o vento sul.
Existem plantas que adotam a gente. [Krenak, 2023]
Enquanto a cidade cresce, Plantarei a Terra. No Planthropoceno (Myers), a Restinga veste chapéu.
Florestania, cidadania, fabulação-especulativa, Therolinguistíca, narrativas-multiespécies, naturezasculturas.
PT
Fernanda Haskel é Artista-pesquisadora, doutoranda em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (UFRJ), investiga as relações natureza/sociedade/cultura/tecnologia, com o foco em Políticas Afetivas, Alianças Multiespécies e Processos de Regeneração. Integra grupos de pesquisa em produção de subjetividade, redes, comunidades, sustentabilidade e saúde coletiva. Se vale de pesrcepectivas da micropolitica e feminista se enredando em pesquisa-ação na política publica com coletivos e redes de coletivos ecosociais. Administradora (UDESC), Mestre em Administração (USP): co-criação e geração de valor. Especialista em gestão de projetos, tem mais de 20 anos de experiência em planejamento, monitoramento e avaliação de projetos socioambientais.
EN
Fernanda Haskel is an artist-researcher, PhD student in Community Psychosociology and Social Ecology (UFRJ), investigates the relationships of nature/society/culture/technology, with a focus on Affective Policies, Multispecies Alliances and Regeneration Processes. She integrates research groups into the production of subjectivity, networks, communities, sustainability and collective health. She uses micropolitical and feminist perspectives, engaging in action research in public political policy with collectives and networks of ecosocial collectives. Administrator (UDESC), Master in Administration (USP): co-creation and generation of value. Specialist in project management, he has more than 20 years of experience in planning, monitoring and evaluating socio-environmental projects.
PT
Fernanda do Canto é Designer gráfico e museóloga, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2009 e 2020, respectivamente. Mestre em artes visuais pela Universidad de Castilla-La Mancha (UCLM), Espanha. Fundadora da Tombô Produções Museológicas, empresa sediada em Florianópolis, que desenvolve projetos gráficos, museológicos e audiovisuais, desde 2012.
EN
Fernanda do Canto is a graphic designer and museologist, graduated from the Federal University of Santa Catarina (UFSC), in 2009 and 2020, respectively. Master in visual arts from the University of Castilla-La Mancha (UCLM), Spain. Founder of Tombô Produções Museológicas, a company based in Florianópolis, which has been developing graphic, museological and audiovisual projects since 2012.