Palavras-chave: Imagem, Judith Butler, Mark Fisher, Rememoração, Susan Sontag
“Lembrar, cada vez mais, não é recordar uma história, e sim ser capaz de evocar uma imagem.” - Susan Sontag
O que diversos pensadores apontam nos séculos XX e XXI, seja mediante a escrita e/ou a produção artística, é a maneira como nos é acostumada a convivência com o excesso de imagens e a consequente planificação de seu sentido. Este acúmulo as transforma em uma massa homogênea, inalcançável à memória duradoura. “Pode ser também que não exista um presente a ser compreendido ou articulado”, escreve o crítico cultural Mark Fisher em Futuros Perdidos: O lento cancelamento do futuro (2022), diante do labirinto posto pela utilização da imagem em sua função Industrial,- que cria uma recursividade de simulações romantizadas do passado, impede a compreensão do presente e, consequentemente, impossibilita a criação de um futuro. Fisher nos permite a reflexão acerca de nossa atual relação com as imagens que nos cercam na dinâmica digital, estas que estão em constante escape da permanência na memória, da reflexão e da compreensão crítica. Estar ‘presente’ nas redes sociais acaba por significar uma disposição à violenta equivalência das sequências algorítmicas que misturam vídeos de pets com imagens de violência policial. Portanto, a presente comunicação tem como principal objetivo propor o atravessamento - e tensionamento - crítico da compreensão da imagem no mundo contemporâneo. Partindo dos recursos estéticos utilizados pela artista visual Hong-An Truong em sua obra Tell Me Terrible Things They Have Known (2016) para a retenção da explicitação das imagens de violência, problematizaremos a disseminação, banalização e romantização da violência na grande mídia. Enquanto contraponto aos programas policiais, séries e principais mercadorias da Indústria Cultural atual, estabeleceremos um diálogo entre os trabalhos cinematográficos e políticos de Abbas Kiarostami em E a Vida Continua (1992) e Michael Haneke em Violência Gratuita (1997) e os textos selecionados dos livros Diante da Dor dos Outros (2003) de Susan Sontag, Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto? (2010) de Judith Butler, Rituais de Sofrimento (2013) de Silvia Viana e Fantasmas da Minha Vida (2022) de Mark Fisher.
PT
Ana Beatriz Campos (Brasília, 1997) é artista multidisciplinar e pesquisadora. Tem formação em Artes Visuais pela Universidade de Brasília, onde faz mestrado na mesma área - contando com o auxílio de bolsa da CAPES. Sua pesquisa parte do estudo poético e formal da memória política na arte. É estagiária docente no Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília.
EN
Ana Beatriz Campos (Brasília, 1997) is a multidisciplinary artist and researcher. She has a degree in Visual Arts from the University of Brasília, where she is pursuing a master's degree in the same area - with the help of a CAPES scholarship. Her research starts from the poetic and formal study of political memory in art. She is a teaching intern at the Department of Visual Arts at the University of Brasília.