Palavras-chave: Agroflorestas, Documentário, Direito à cidade, Ecologia, Reflorestamento do Imaginário Urbano
A partir de um olhar crítico sobre a urbanização da cidade de Brasília, propomos criar neste artigo um reflorestamento do pensamento sobre o direito à cidade através de uma análise das unidades de saúde básica apresentadas no webdocumentário, Agrofloresta no meio do caminho. Desta forma, recorremos ao processo cartográfico como uma chave de abertura metodológica ao mapear esta possibilidade de formação de outros espaços vividos por meio de um resgate aos modos de vida com a terra e o ambiente hospitalar atravessados por uma disputa de poderes no território urbano.
Por um lado, a utopia da transferência da capital do Rio de Janeiro para o centro do país constrói uma imagem à Brasília. A cidade fundamentada nos princípios modernistas tem como intuito o funcionalismo das ações e um adestramento e uma vigilância dos corpos como nos diria Foucault em prol dos modos de produção do capitalismo. A segregação geográfica desenvolvida no seu projeto urbano se capilariza se mapeando de diversas maneiras pautada em uma monocultura de pensamento que isola às relações de afeto, resultando em um adoecimento do corpo humano.
O deslocamento entre o tempo e espaço se expande em um mapa afetivo cujas fendas coloniais se chocam com a vivência cotidiana neoliberal. Para o autor Félix Guattari, as subjetividades, o meio ambiente e as relações sociais evidenciam a crise ecológica as quais estamos vivenciando na contemporaneidade. Nesta perspectiva, observamos no pensamento decolonial presente na obra de Nego Bispo, uma alternativa de descolonizar as estruturas fixas e institucionais para uma ressignificação do espaço.
Diante desta cosmofobia gerada a partir dos modos de produção da cidade pelo capital, Harvey nos provoca a pensarmos quais as relações sociais buscamos dentro de um direito à cidade que visa reinventar o coletivo frente ao processo de urbanização. Sendo assim, ao adentrarmos à experiência estética apresentada no webdocumentário, Agrofloresta no meio do caminho. Encontramos no filme, a possibilidade através da imagem cinematográfica dar visibilidade e consciência aos afetos em uma resistência à racionalidade neoliberal presente na multiterritorialidade proposta por Haesbaert existente nas unidades básicas de saúde. Portanto, a subversão do espaço crítico das cidades contemporâneas é um afago potente ao encontro da coletividade através da micropolítica presente com as agroflorestas emergindo no concreto.
PT
Lorena Figueiredo é brasiliense, cineasta e doutoranda no PPGCOM pela Universidade de Brasília associada à linha de Imagem, Estética e Cultura Contemporânea. Atua como Pesquisadora no GECAE – Grupo de Estudos em Espaço, Corpo, Arte e Estética vinculado ao CNPQ pela Universidade de Brasília. No âmbito da escrita acadêmica possui publicações em revistas e artigos para livros, destaque na organização do livro Cartografias do Isolamento (2022) e organiza o livro Estéticas da Insurgência. As linguagens da democracia em imagem, som e escrita pela FAC-UNB. Trabalha no mercado audiovisual brasiliense há dez anos nas áreas de Direção e Produção. Em 2015, teve sua primeira experiência na Direção de Documentários para Televisão com o filme, Intervenções Urbanas que obteve patrocínio da Unifesp, Fap e Cinemateca Brasileira e MINC. O projeto teve a estreia no 23º Festival de Cine Latinoamericano de Rosário – Argentina. Em 2018, realizou a produção executiva do curta-metragem: Aulas que matei do diretor Pedro Beiler e Amanda Devulsky e a Direção e o Roteiro do Videoclipe, Casa do Cantor Pedro Suim. Seguiu como Diretora de Produção e Pesquisadora da Série de TV, Antena da Raça da Diretora Paloma Rocha exibida pelo canal Cine Brasil TV. Assina a produção executiva do longa-metragem, No Rastro das Cargueiras de Ana Carolina Mathias. Em 2019, atuou como assistente de direção no longa-metragem, Infinitas Terras de Cauê Brandão. A partir do ano de 2020 integrou a equipe de Curadoria do Festival Internacional de Cinema e Arquitetura – Cinema Urbana. Realizou o curta-metragem A cidade que afeta (2021) como diretora e roteirista, que ganhou o prêmio de melhor filme experimental em Viena e MELHOR DIREÇÃO NO VANCOUVER INDIE FESTIVAL. Agora em 2022, assinou a direção e pesquisa do Webdocumentário, Agroflorestas no meio do caminho (2023).
EN
Lorena Figueiredo is a filmmaker from Brasilia and a PhD student at PPGCOM at the University of Brasília associated with the Image, Aesthetics and Contemporary Culture line. She works as a Researcher at GECAE – Study Group on Space, Body, Art and Aesthetics linked to the CNPQ at the University of Brasília. In the scope of academic writing, she has published in magazines and articles for books, highlighting the organization of the book Cartografias do Isolamento (2022) and organizing the book Estéticas da Insurgencia. The languages of democracy in image, sound and writing, by FAC-UNB. She has worked in the Brasilia audiovisual market for ten years in the areas of Direction and Production. In 2015, she had her first experience directing documentaries for television with the film Intervenções Urbanas, which was sponsored by Unifesp, Fap and Cinemateca Brasileira and MINC. The project premiered at the 23rd Latin American Film Festival in Rosário – Argentina. In 2018, she executive produced the short film: Aulas que matei by director Pedro Beiler and Amanda Devulsky and the Direction and Script of the Video Clip, Casa do Cantor Pedro Suim. She continued as Production Director and Researcher for the TV series, Antena da Raça by Director Paloma Rocha, shown on the Cine Brasil TV channel. She signs the executive production of the feature film, No Rastro das Cargueiras by Ana Carolina Mathias. In 2019, she served as assistant director on the feature film, Infinitas Terras by Cauê Brandão. From 2020 onwards she joined the Curatorial team of the International Film and Architecture Festival – Cinema Urbana. She made the short film The City That Affects (2021) as director and screenwriter, which won the award for best experimental film in Vienna and BEST DIRECTION AT THE VANCOUVER INDIE FESTIVAL. Now in 2022, he signed the direction and research of the Web documentary, Agroflorestas no midway (2023).