Palavras-chave: ecologia, psicanálise, feminino, gozo, arte
A ecologia guarda uma relação profunda com a psicanálise na medida em que as intervenções dos sujeitos na natureza e as relações estabelecidas entre os mesmos diz respeito à tensão irreconciliável entre pulsão e civilização, sujeito e sociedade, subjetividade e objetividade histórica (Freud, 1930). A exploração predatória da natureza em curso, fundada em uma racionalidade capitalista em que o lucro representa o seu horizonte principal tem constituído não apenas os modos de produção, mas também a constituição das subjetividades e consequentemente as relações entre os sujeitos e entre os sujeitos e a natureza. A natureza tem se convertido em um mero espaço físico a ser habitado, de objetificação e extração de recursos materiais pelos sujeitos, os quais, por sua vez, tem se transformado cada vez mais em consumidores de mercadorias e também nas próprias mercadorias. Para além da irrevogável objetividade social deste processo, apontamos que esta exploração predatória da natureza em movimento compulsório não é sem um aparato de gozo: um gozo fálico que mantém uma relação de externalização entre o sujeito e a natureza, justificando a sua objetificação, e um gozo do Outro, mortífero, que mantém os sujeitos fixados a esta compulsão (Lacan, 1972-1973). Frente a esse aparato de gozo que está nos levando progressivamente ao nosso fim, propomos uma política do feminino, invocações para o gozo Outro, o qual vai para além dos limites narcísicos do gozo fálico, produzindo aberturas para a invenção de outras formas de relação com a natureza, não mais de externalização, mas sim de união, o que implica, necessariamente, em outras formas de relações com nós mesmos. E para isso, a arte como um corte na continuidade compulsória é uma experiência privilegiada e potente, o que pode ser testemunhado pela escultura de uma vulva esculpida no chão da Usina de Arte, localizada na Zona da Mata Sul de Pernambuco, intitulada de “Diva”, da artista Juliana Notari. Instigado por esta obra de arte e seus efeitos no Brasil, o objetivo deste trabalho é articular ecologia e psicanálise e propor uma política do feminino como uma crítica e uma práxis frente à exploração predatória da natureza e do feminino de todos nós.
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Lucas Emmanoel de Oliveira é psicanalista, graduado e licenciado em psicologia (PUC-GO), mestre em Psicanálise: clínica e cultura (PUC-RJ). É músico pelo Centro Cultural Gustav Hitter, Goiânia-GO. Trabalhou como regente de corais infantil e adulto em Goiânia. Foi psicólogo da Equipe do Programa Federal de Proteção a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas da Presidência da República-DF. Trabalhou como psicólogo educacional da Universidade Federal de Santa Catarina - Campus Curitibanos, onde coordenou os projetos de extensão: Ciranda Estudantil; A práxis educacional: educação, subjetividade e sociedade; Tropeiros: Masculinidades em debate; e A Partilha do Sensível: Poetizando a Universidade. Integra a Comissão da Política de Saúde Mental da UFSC. Atualmente, é chefe do Serviço de Acolhimento a Vítimas de Violências (SEAVis) na Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (PROAFE)/UFSC. É membro do Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas e Educacionais (LEPSI) de Minas. Trabalha como supervisor em psicologia educacional e clínica psicanalítica. Pesquisa psicanálise, educação, política, arte e neonazismo. E atua como psicanalista em consultório particular, há 14 anos.
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Lucas Emmanoel de Oliveira is a psychoanalyst, graduated and licensed in Psychology (PUC-GO), master in Psychoanalysis: clinic and culture (PUC-RJ). He is a musician at the Gustav Hitter Cultural Center, Goiânia-GO. He worked as a conductor of children's and adult choirs in Goiânia. He was a psychologist on the Team of the Federal Program for the Protection of Victims and Threatened Witnesses of the Presidency of the Republic-DF. He worked as an educational psychologist at the Federal University of Santa Catarina - Campus Curitibanos, where he coordinated the projects: Ciranda Estudantil; Educational praxis: education, subjectivity and society; Tropeiros: Masculinities in debate; and The Sharing of the Sensitive: Poetizing the University. Member of the UFSC Mental Health Policy Committee. Currently, he is head of the Reception Service for Victims of Violence (SEAVis) at the Dean of Affirmative Actions and Equity (PROAFE)/UFSC. He is a member of the Laboratory of Psychoanalytic and Educational Studies and Research (LEPSI) of the state of Minas Gerais. He works as a supervisor in educational psychology and psychoanalytic clinic. His studies include psychoanalysis, education, politics, art and neo-Nazism. And he has worked as a psychoanalyst as a private practitioner for 14 years.